Criar uma Loja Virtual Grátis
O sabor da vitória
O sabor da vitória

 

 

:: Elisabeth Cavalcante ::

Estamos ainda sob o inebriante efeito da vitória do Brasil no campeonato mundial de futebol. E, por isso, torna-se inevitável uma reflexão sobre o poder de mobilização que um evento como este possui.

 O que faz com que milhares de pessoas sofram, chorem, fiquem à beira de um enfarte diante de uma partida de futebol como se suas vidas dependessem do placar final daquele jogo?

 Nos dias que antecedem o evento, todos gostariam de ter um poder especial de vidência, para “adivinhar” o resultado antecipadamente, como forma de amenizar a ansiedade. Mas, ao mesmo tempo, o fascínio do imponderável alimenta a adrenalina e torna ainda mais emocionante a vitória, quando ela chega.

 O futebol, como uma fantástica metáfora da vida, coloca o adversário no caminho, apenas para que os jogadores testem sua capacidade de enfrentar o medo da derrota com coragem, perseverança, determinação e criatividade.

 Entregar-se ao mistério do inesperado, lutar sem nenhuma certeza de que se alcançará o objetivo desejado, é parte inerente da aventura chamada “viver”. E perder também faz parte do processo. Disso sabemos muito bem nós, brasileiros, que vivemos a angústia da derrota em tantas outras Copas, especialmente na 98.

 Entretanto, ter a consciência de que esta é apenas uma possibilidade no caminho é algo reconfortante. A oportunidade da vitória também está sempre presente.  Foi exatamente o que aconteceu neste 30 de junho de 2002. Este era o NOSSO dia e não o dos alemães. A vez deles chegará com certeza num outro momento, pois afinal todos têm o direito de colecionar vitórias e ser felizes.

 Desta vez ela veio para os brasileiros porque eles souberam, apesar das derrotas passadas, enfrentar o desafio com confiança, vencendo o principal adversário: eles mesmos. E, ao vê-los vencer, cada cidadão anônimo sente renovada em si a auto-estima e um sentimento de que pode superar os obstáculos, por maior que estes pareçam ser.

 É muito bom sermos pentacampeões e mais importante ainda, lembrarmos que os craques da bola, em sua jornada rumo à vitória, representam personagens que se assemelham de forma inequívoca a cada um de nós.